Publicada em 18/07/2025, 15:32:38
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18/07/2025, 15:32:38
Gel natural criado no Piauí começa a recuperar solo degradado em Gilbués
Uma tecnologia genuinamente piauiense pode estar mudando a história da luta contra a desertificação no Brasil. Pela primeira vez, foi aplicado em Gilbués — município com a maior área degradada do país — um hidrogel natural, feito a partir de plantas como o babaçu e o cajueiro. O produto, capaz de reter água no solo por mais tempo, ajuda no crescimento de mudas mesmo durante períodos prolongados de seca.

A novidade foi apresentada durante um dia de campo que reuniu cerca de 45 alunos do quinto ano da Unidade Escolar Denilde Alencar. Cada criança escolheu, plantou e batizou uma muda de espécie nativa ou frutífera, criando um elo simbólico com a recuperação ambiental. Foi o pontapé de uma experiência inédita na região.

Alunos visitando o Nuperage
“Essa tecnologia é diferente de tudo que já foi usado no Brasil. Ela é natural, biodegradável e feita com matérias-primas do próprio Piauí. É uma solução científica e sustentável para recuperar solos que pareciam perdidos”, explica João Xavier, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Piauí (Fapepi), que lidera a iniciativa ao lado da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh).
A ação integra um projeto de recuperação de 10 hectares de solo dentro do NUPERADE — o Núcleo de Pesquisa de Recuperação de Áreas Degradadas e Combate à Desertificação — que há quase 20 anos estuda formas de conter o avanço da degradação em Gilbués e no semiárido.
A ação integra um projeto de recuperação de 10 hectares de solo dentro do NUPERADE — o Núcleo de Pesquisa de Recuperação de Áreas Degradadas e Combate à Desertificação — que há quase 20 anos estuda formas de conter o avanço da degradação em Gilbués e no semiárido.

Área que está sendo recuperada
“Começar esse trabalho com as crianças foi fundamental. Elas agora têm um vínculo afetivo com o solo e com o meio ambiente. É um jeito de plantar futuro também nas pessoas”, afirma Gustavo Carvalho, assessor da superintendência da Semarh. A ação é fruto da união entre Semarh, Fapepi, AFERT Biofertilizantes, UFPI e INCT Polissacarídeos/CNPq.

Estudantes que participaram da ação
Diferente dos géis sintéticos, feitos com derivados de petróleo, o hidrogel usado em Gilbués é 100% natural. Ele é produzido com polissacarídeos vegetais, extraídos de espécies abundantes no Piauí. Segundo Adriano Akira, diretor da AFERT, a inovação alia alto desempenho com baixo impacto ambiental.
“Nosso gel consegue manter a umidade do solo por mais tempo, o que reduz a necessidade de irrigação e favorece o crescimento das plantas mesmo em períodos críticos de seca. E tudo isso sem agredir o meio ambiente”, destaca Akira.
O professor Edson Cavalcanti Filho, da UFPI e representante do INCT Polissacarídeos, reforça o potencial da tecnologia:
“A aplicação dos polissacarídeos vegetais representa um avanço científico importante. Estamos falando de uma solução biotecnológica que pode ser adaptada a outras áreas do semiárido brasileiro. É ciência feita no Piauí com potencial para mudar realidades no país inteiro”.
“Nosso gel consegue manter a umidade do solo por mais tempo, o que reduz a necessidade de irrigação e favorece o crescimento das plantas mesmo em períodos críticos de seca. E tudo isso sem agredir o meio ambiente”, destaca Akira.
O professor Edson Cavalcanti Filho, da UFPI e representante do INCT Polissacarídeos, reforça o potencial da tecnologia:
“A aplicação dos polissacarídeos vegetais representa um avanço científico importante. Estamos falando de uma solução biotecnológica que pode ser adaptada a outras áreas do semiárido brasileiro. É ciência feita no Piauí com potencial para mudar realidades no país inteiro”.

Profissionais do Nuperade
Localizado a quase 800 km ao sul de Teresina, Gilbués já perdeu mais de 7 mil km² para a desertificação. É o maior caso de degradação de solo do Brasil, com impactos profundos sobre a agricultura, a biodiversidade e a vida das comunidades locais.
A expectativa agora é que a nova tecnologia sirva de modelo para outras regiões do país, unindo ciência, educação e engajamento social para mostrar que, com as ferramentas certas, é possível fazer o verde voltar onde tudo parecia perdido.
A expectativa agora é que a nova tecnologia sirva de modelo para outras regiões do país, unindo ciência, educação e engajamento social para mostrar que, com as ferramentas certas, é possível fazer o verde voltar onde tudo parecia perdido.